Se te acomete
uma meta,
cometa,
erre, reverbere.
Na hora h
fatal a gagueira
e o contrário
é o eco.
Regurgitações.
Do estômago à tela. Rascunhos
segunda-feira, 29 de outubro de 2012
quarta-feira, 24 de outubro de 2012
terça-feira, 25 de setembro de 2012
copo meio cheio ou meio vazio
Uma melancolia tão grande
|Mas não sei se é
da parte
em que você não
está aqui
ou se da parte
em que já está em mim.
|Mas não sei se é
da parte
em que você não
está aqui
ou se da parte
em que já está em mim.
sexta-feira, 24 de agosto de 2012
Como voltar no tempo
Esqueça-o sem culpa.
Se ele pudesse ou se fosse mulher é certo que faria o
[mesmo.
Não coloque nada em seu lugar,
nenhum objeto decorativo.
(Ninguém).
Jogue
fora
suas
lembranças.
Pegue livros e sapatos que ele tenha dado de presente
e queime na cenográfica praça central da cidade.
E vá fazer o que gosta na vida
- quem sabe se apaixone
aquele que você queria
antes desse amor
que, pra ser sincera,
nunca existiu.
terça-feira, 31 de julho de 2012
achados
em cada parte do seu corpo uma memória
da minha vida.
cada parte
uma lembrança
de instantes
antes
de te conhecer.
segunda-feira, 2 de julho de 2012
sábado, 9 de junho de 2012
um dia
Sobrevoar Vitória
foi como te ver nu.
Bicho forjado por mar céu e morro,
(Fui íntima do cheiro da cidade que não havia visto.)
E atinava para o possível: você não estava lá.
À parte disso,
após tantos (tangos) anos,
naquele dia
o que conheci
foi você.
foi como te ver nu.
Bicho forjado por mar céu e morro,
(Fui íntima do cheiro da cidade que não havia visto.)
E atinava para o possível: você não estava lá.
À parte disso,
após tantos (tangos) anos,
naquele dia
o que conheci
foi você.
sábado, 18 de fevereiro de 2012
quinta-feira, 27 de outubro de 2011
A última palavra é sempre a do poeta mesmo que alguém diga algo depois...
Amo como ama o amor. Não conheço nenhuma outra razão para amar senão amar. Que queres que te diga, além de que te amo, se o que quero dizer-te é que te amo?
domingo, 24 de julho de 2011
domingo, 10 de julho de 2011
Inventar-se
Amanhã
é palavra que se mastiga
com muita saliva,
com saúde
se deglute,
se engole mas depois
se cospe, tosse,
expele
isto pela manhã
sobre a própria pele,
para viver devorar
as palavras,
e digerir o dia pra lançar
longe, preciso
já
a excreção
já a vontade
já um cuspe
semente
já
o desejo.
um cuspe
um segredo
do amanhã
seguinte.
é palavra que se mastiga
com muita saliva,
com saúde
se deglute,
se engole mas depois
se cospe, tosse,
expele
isto pela manhã
sobre a própria pele,
para viver devorar
as palavras,
e digerir o dia pra lançar
longe, preciso
já
a excreção
já a vontade
já um cuspe
semente
já
o desejo.
um cuspe
um segredo
do amanhã
seguinte.
segunda-feira, 30 de maio de 2011
Aquela horinha logo antes do sol nascer.
Olho para a rua e não a reconheço: ainda bem.
Madrugam as possibilidades.
Apenas lembro que a lua existe,
minúscula fenda.
Mas onde cabe toda a luz desse planeta,
sacro-reflexo,
que sugere as silhuetas
para além do último poste
e de minha estagnação.
terça-feira, 12 de abril de 2011
domingo, 3 de abril de 2011
Floating
Sobrevoo.
Pairo
vou
e não paro
nunca mais.
por hoje,
Por esta hora
leve
entregue
a tudo o que é próprio ao ar
sem deixar de pertencer à terra
Pairo
vou
e não paro
nunca mais.
por hoje,
Por esta hora
leve
entregue
a tudo o que é próprio ao ar
sem deixar de pertencer à terra
quarta-feira, 23 de março de 2011
Absoluta
Já sou tua
mas não digo,
nem te chamo,
e você escuta.
É sem luta
que te amo,
meu amor sem nome,
a paz é muda.
mas não digo,
nem te chamo,
e você escuta.
É sem luta
que te amo,
meu amor sem nome,
a paz é muda.
Fernando Pessoa
- Eu amo tudo o que foi,
Tudo o que já não é,
A dor que já me não dói,
A antiga e errônea fé,
O ontem que dor deixou,
O que deixou alegria
Só porque foi, e voou
E hoje é já outro dia.
- Fernando Pessoa, 1931.
[Poesias Coligidas]
à noite, meio-dia
Não,
é mentira, todos,
a cidade inteira
não dorme: pulsa,
e eu vou
a qualquer lugar onde pouse,
repouse, e assim acorde
dessa vigília
onde todos vivem,
vigília onde todos dormem.
é mentira, todos,
a cidade inteira
não dorme: pulsa,
e eu vou
a qualquer lugar onde pouse,
repouse, e assim acorde
dessa vigília
onde todos vivem,
vigília onde todos dormem.
quinta-feira, 17 de março de 2011
segunda-feira, 14 de março de 2011
Habitantes
Não podia dormir.
Tua
fertilidade
em mim.
E morava nesta sua casa, uma noite só: um lugar totalmente desconhecido:
Eu nunca te vi.
Não te odeio,
não te desgosto.
O mundo todo
que não sei
é você
a meu lado.
Que nasce
de dentro,
a quem amo
pra fora,
a quem amo pra fora e além de mim,
pra fora
e muito além de você.
Tua
fertilidade
em mim.
E morava nesta sua casa, uma noite só: um lugar totalmente desconhecido:
Eu nunca te vi.
Não te odeio,
não te desgosto.
O mundo todo
que não sei
é você
a meu lado.
Que nasce
de dentro,
a quem amo
pra fora,
a quem amo pra fora e além de mim,
pra fora
e muito além de você.
sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011
quinta-feira, 27 de janeiro de 2011
O amor estava no espaço oco sob as
tábuas do taco onde eu me deitava
in loco, em lótus, um feto, algo concreto, concretista, improvável,
estável
e estática,
impossível,
torta
eu me deitava morta.
O amor me olhava,
você me olhou:
e eu estava no espaço oco
sob as tábuas do taco onde antes o amor estava.
Mas esse amor se deitava
eu não estava
só.
tábuas do taco onde eu me deitava
in loco, em lótus, um feto, algo concreto, concretista, improvável,
estável
e estática,
impossível,
torta
eu me deitava morta.
O amor me olhava,
você me olhou:
e eu estava no espaço oco
sob as tábuas do taco onde antes o amor estava.
Mas esse amor se deitava
eu não estava
só.
quarta-feira, 22 de dezembro de 2010
terça-feira, 30 de novembro de 2010
permeável
esponja.
fios perpassam por mim,
vias,
idas opostas.
chute soco grito,
tudo perpassa.
Menos os sorrisos,
o sorrisos ficam.
fios perpassam por mim,
vias,
idas opostas.
chute soco grito,
tudo perpassa.
Menos os sorrisos,
o sorrisos ficam.
quinta-feira, 18 de novembro de 2010
sexta-feira, 22 de outubro de 2010
organismo
escrevo a esquizofrenia.
no caos organizo o caos:
entropia
viva flor
recém despontada.
não entre aqui
você,
que me vigia
ou come
e vai embora.
antes: saia.
deixe-me só
no caos
organismo vivo
-e contente -
pra onde o desconhecido vem
caos, entropia,
onde sozinha me organizo
flor desabrochada.
no caos organizo o caos:
entropia
viva flor
recém despontada.
não entre aqui
você,
que me vigia
ou come
e vai embora.
antes: saia.
deixe-me só
no caos
organismo vivo
-e contente -
pra onde o desconhecido vem
caos, entropia,
onde sozinha me organizo
flor desabrochada.
Noite em que a vida está guardada sob minha barriga.
Desejo simplesmente tudo.
Só me satisfaria com tudo, mas careço de qualquer amor.
Estão guardados, latentes, sob um órgão ou sob umnaco de pele.
Na dúvida, amo amores passados.
Na falta, planejo idas futuras.
Ver terras, estrada
Todo ar que aspiro é meu desejo de ver gente
e o mesmo ar que solto é minha vontade de ser bicho.
quinta-feira, 14 de outubro de 2010
Entrar pelas narinas
ou ouvidos.
Introjetar-se inteiro
por dentro do outro.
Pela parte interna, mucosas.
(Fluídos linfáticos, plasmáticos.
Genitais.)
Caber-se todo.
Ir preenchendo cada curva extrema
da endoderme.
Os dedos côncavos,
costelas que abraçam.
Pedir espaço pra todas as veias e artérias.
Pra cavidade ventral abdominopélvica - a parede pros órgãos
- estômago, duodeno -
que também partilham este corpo.
E dar prazer.
O mais completo, íntegro, livre, absoluto prazer.
ou ouvidos.
Introjetar-se inteiro
por dentro do outro.
Pela parte interna, mucosas.
(Fluídos linfáticos, plasmáticos.
Genitais.)
Caber-se todo.
Ir preenchendo cada curva extrema
da endoderme.
Os dedos côncavos,
costelas que abraçam.
Pedir espaço pra todas as veias e artérias.
Pra cavidade ventral abdominopélvica - a parede pros órgãos
- estômago, duodeno -
que também partilham este corpo.
E dar prazer.
O mais completo, íntegro, livre, absoluto prazer.
sábado, 2 de outubro de 2010
a graça
não tem jeito.
qualquer pessoa que eu já amei eu vou amar pelo resto da vida.
qq pessoa.
qq pessoa é amável.
qq pessoa é amor
pessoa é humana, qq pessoa humanável
qq pessoa é humanamor
e qq um é humor
qualquer pessoa que eu já amei eu vou amar pelo resto da vida.
qq pessoa.
qq pessoa é amável.
qq pessoa é amor
pessoa é humana, qq pessoa humanável
qq pessoa é humanamor
e qq um é humor
sexta-feira, 1 de outubro de 2010
segunda-feira, 27 de setembro de 2010
domingo, 26 de setembro de 2010
sábado, 25 de setembro de 2010
Eu-Vazio
A caneta é proteção
minha única
ação
precavida.
A caneta e o papel tinta
- música interna
instantânea explosiva -
que não fala jóias
que não fala coisa/coisa
mas fala de mim - nada -
e me acaricia.
minha única
ação
precavida.
A caneta e o papel tinta
- música interna
instantânea explosiva -
que não fala jóias
que não fala coisa/coisa
mas fala de mim - nada -
e me acaricia.
domingo, 19 de setembro de 2010
delírios
Me gusta la realidad,
Ombros baixos,
pés no chão.
Planta que nasce no chão quente:
Com gosto – palato – e mãos
Se faz amor
sábado, 18 de setembro de 2010
domingo, 12 de setembro de 2010
sábado, 11 de setembro de 2010
vassourada
vc: mau-humor em casa, figura cinza, chuvisco, nevasca nos nossos dias quentes de sol bunda e carnaval.
sombra, desenho - contorno ôco, silhueta fraca. vc-rastro de pó (capaz de cegar aquele que para pra te ver).
veja: vai tomar banho de cheiro que te acalma e limpa. vai se banhar no atlântico. que te faz bem, não cabe mais essa fumaça/vc dentro do que há de bom. só o ar já te espanta. vá se tratar, dá uma caprichada. ok?
desse jeito vc pode parar de ser um xurume nos pés de todo mundo que passa sorrindo pela sua rua.
sombra, desenho - contorno ôco, silhueta fraca. vc-rastro de pó (capaz de cegar aquele que para pra te ver).
veja: vai tomar banho de cheiro que te acalma e limpa. vai se banhar no atlântico. que te faz bem, não cabe mais essa fumaça/vc dentro do que há de bom. só o ar já te espanta. vá se tratar, dá uma caprichada. ok?
desse jeito vc pode parar de ser um xurume nos pés de todo mundo que passa sorrindo pela sua rua.
sexta-feira, 10 de setembro de 2010
quarta-feira, 8 de setembro de 2010
a largada
Uma voz me diz não;
qualquer voz me diz não
e assim posso ir.
qualquer voz me diz não
e me deixa rir.
Como essa que jaz,
agora que eu fui,
jaz abandonada
dentro de mim.
qualquer voz me diz não
e assim posso ir.
qualquer voz me diz não
e me deixa rir.
Como essa que jaz,
agora que eu fui,
jaz abandonada
dentro de mim.
Rio
Ser estrangeira,
Ivan Lessa,
dançar samba e salsa,
com a liberdade
de quem nada lhe importa.
À toa na vida,
mas com um compromisso
o claro prazer
no país da risada.
Ivan Lessa,
dançar samba e salsa,
com a liberdade
de quem nada lhe importa.
À toa na vida,
mas com um compromisso
o claro prazer
no país da risada.
sexta-feira, 3 de setembro de 2010
Cidade amada,
querida cidade,
fedida,
encardida,
e cinza, cidade
que me quer
se dela gosto,
cidade que
se transforma,
se transmuta,
e nos trangride,
sempre me invade
e devolve, me lança a si:
a um vômito de cidade,
esse carrossel,
e eu reparida,
com a minha alma-cidade,
que se transforma,
se transmuta,
me transgride,
e me invade.
querida cidade,
fedida,
encardida,
e cinza, cidade
que me quer
se dela gosto,
cidade que
se transforma,
se transmuta,
e nos trangride,
sempre me invade
e devolve, me lança a si:
a um vômito de cidade,
esse carrossel,
e eu reparida,
com a minha alma-cidade,
que se transforma,
se transmuta,
me transgride,
e me invade.
segunda-feira, 30 de agosto de 2010
sólido-líquido-gasoso
Sustentar a alegria.
como líquido, escorre.
sustentá-la entre as mãos
e voar nela.
como líquido, escorre.
sustentá-la entre as mãos
e voar nela.
Bons lençóis
Corpo
corpo pede,
come-
nos,
consome-nos
arde, teima,
nús.
não morre, não para,
se vivo,
fala,
enquanto a gente não faz um outro corpo
- nosso nó -
que vai aliás
tambem gemer,
gritar, falar pra burro, viu?
corpo pede,
come-
nos,
consome-nos
arde, teima,
nús.
não morre, não para,
se vivo,
fala,
enquanto a gente não faz um outro corpo
- nosso nó -
que vai aliás
tambem gemer,
gritar, falar pra burro, viu?
quinta-feira, 26 de agosto de 2010
Tur bilhão em poucos mil minutos
Desse jeito vai dar! e depois que farei com com tudo na mão? vai dar, vai dar e é isso que esse ar seco e poluído me diz na tarde quente num texto cuspido, numa esperança tão grande que é de encher o corpo, o quarteirão, as horas seguintes, semana, mês, e todas as desgraças que vierem.
Vou ficar com um monte dessas pendengas que pulam e gritam pra serem resolvidas. Que se metem no meio da rua, que se penduram nos cabelos, que estão na água do banho, no travesseiro e no cafézinho preto da manhã. Complicadas, pendengas que pulam e gritam pra serem resolvidas e pra darem também prazer, que é o próprio jeito, fazer o quê, de viver bem essa vida.
Vou ficar com um monte dessas pendengas que pulam e gritam pra serem resolvidas. Que se metem no meio da rua, que se penduram nos cabelos, que estão na água do banho, no travesseiro e no cafézinho preto da manhã. Complicadas, pendengas que pulam e gritam pra serem resolvidas e pra darem também prazer, que é o próprio jeito, fazer o quê, de viver bem essa vida.
terça-feira, 24 de agosto de 2010
Bem Estar. (de ogalodavizinha.blogspot)
Ainda bem: tudo passa,
que é pra gente parar nos momentos - parar de passar.
que é pra gente parar nos momentos - parar de passar.
domingo, 22 de agosto de 2010
porque o que se cria também - dado aos outros - faz ainda parte de nós. porque criação é trabalho nosso, e porque agimos, e porque existimos sempre em relação, e a relação é agir.
e só porque é: porque criamos e somos.
vai dar, faremos dar,
dará porque daremos. pra nós, pros outros, na cama, na rua,
a vida vai.
e só porque é: porque criamos e somos.
vai dar, faremos dar,
dará porque daremos. pra nós, pros outros, na cama, na rua,
a vida vai.
quarta-feira, 18 de agosto de 2010
não-vomitados (retirados de ogalodavinha.blogspot.com)
Coisa sem jeito, imprestável,
é te chamar, criatura que não presta,
pra gente (e eu também não presto)
fazer um esforço em vão.
Mas já adianto sem pagamento: é o melhor serviço que eu conheço.
................
a escrita é além;
você me escolhe ou escolhe a você, meu bem, e eu escolho um lápis
que escreva
"também".
é te chamar, criatura que não presta,
pra gente (e eu também não presto)
fazer um esforço em vão.
Mas já adianto sem pagamento: é o melhor serviço que eu conheço.
................
a escrita é além;
você me escolhe ou escolhe a você, meu bem, e eu escolho um lápis
que escreva
"também".
ânsia
E se eu te contar que você não me ganha, que não me conquista, que eu não tenho nada com você? que queria seu corpo quentinho agora só pra me aconhegar e dormir?
e que seus olhos são opacos, e que tenho muito melhores coisas pra fazer da minha vida e só quero ficar com vc porque sinto conforto? e que hoje é terça-feira mas essa cidade é cheia e tem coisas lindas rolando e só porque não posso sair é que teu pensamento me invade,
e dissesse que você é travado, triste? (má, eu?) mas que só teu cheiro ja é uma coisa que me deixa tranquila?
e se eu falar que você não me interessa? - mas é meu corpo quem treme de tesão?
aí
mesmo assim,
com isso tudo,
esse troço é amor.
e que seus olhos são opacos, e que tenho muito melhores coisas pra fazer da minha vida e só quero ficar com vc porque sinto conforto? e que hoje é terça-feira mas essa cidade é cheia e tem coisas lindas rolando e só porque não posso sair é que teu pensamento me invade,
e dissesse que você é travado, triste? (má, eu?) mas que só teu cheiro ja é uma coisa que me deixa tranquila?
e se eu falar que você não me interessa? - mas é meu corpo quem treme de tesão?
aí
mesmo assim,
com isso tudo,
esse troço é amor.
segunda-feira, 16 de agosto de 2010
planos de existir sem planejar
A concentração às vezes é distraída,
a distração às vezes é concentrada.
a distração às vezes é concentrada.
domingo, 15 de agosto de 2010
Seu vulto
Parecia longe,
mas você.
(como sempre vulto,
como sempre longe)
Parecia que era frio
o tempo,
como sempre frio.
Como sempre você,
meu vulto,
que parecia frio
mas veio me ver.
mas você.
(como sempre vulto,
como sempre longe)
Parecia que era frio
o tempo,
como sempre frio.
Como sempre você,
meu vulto,
que parecia frio
mas veio me ver.
sábado, 14 de agosto de 2010
prende o ar.
Anisedade não é coisa que se resolve,
ansiedade faz,
é ânsia de fazer;
faz literatura expressa medíocre,
faz comida e come,
faz planos pra semana,
faz. Lê.
Passeia,
faz sobremesa, fas as unhas, faz as pazes;
faz amor, filhos se quiser.
Ansiedade espera acontecer,
nunca parada,
ela "faz a hora"?
espera e faz a espera ser rica e boa
- a ânsia faz a caminha -
e deixa o olho vivo
corpo vivo
agitado
até que se caminhe para o chão,
chão que vem depois da caminhada
- ânsia fez a caminhada -
e chega uma coisa que sustenta
e a ânsia fica de lado,
num instante,
pra se transformar
em um tempo
onde o corpo
- que fez -
consegue
aí
não ser ânsia,
e então
(só então):
respirar.
ansiedade faz,
é ânsia de fazer;
faz literatura expressa medíocre,
faz comida e come,
faz planos pra semana,
faz. Lê.
Passeia,
faz sobremesa, fas as unhas, faz as pazes;
faz amor, filhos se quiser.
Ansiedade espera acontecer,
nunca parada,
ela "faz a hora"?
espera e faz a espera ser rica e boa
- a ânsia faz a caminha -
e deixa o olho vivo
corpo vivo
agitado
até que se caminhe para o chão,
chão que vem depois da caminhada
- ânsia fez a caminhada -
e chega uma coisa que sustenta
e a ânsia fica de lado,
num instante,
pra se transformar
em um tempo
onde o corpo
- que fez -
consegue
aí
não ser ânsia,
e então
(só então):
respirar.
quinta-feira, 12 de agosto de 2010
Gaivota.
Eu gosto de você velho.
enrugado, vivido, estratificado.
já parado, mas sofrido, rodado,
tranquilo e marcado,
barco carcomido,
carcado.
onde eu mesma
posso
pousar.
enrugado, vivido, estratificado.
já parado, mas sofrido, rodado,
tranquilo e marcado,
barco carcomido,
carcado.
onde eu mesma
posso
pousar.
terça-feira, 10 de agosto de 2010
curar
Não quero e não me venha com essa sugada, esse trambique, esse truque teu, ó, amigo, essa é velha e velha já estou eu, no teu engodo.
Que essa história foi,
eu já fui, e tu tá em Marte, Roma, um lugar qualquer assim,
a três pés ou milhas acima do nível do chão.
Elevação? ou alienamento, seu alienígena, lunático, não chegue pra cá com teu escarro e teu nada-prático bom-senso de mal humor.
...
E acabadas as minhas reclamações manhentas, volto os pés à terra. Vejo que não me vale entristecer nessa birra.
Minha criança, se é o caso chore, como eu chorei,
e vamos nos calar tranquilos do jeito que está o céu, do jeito que está provado
- como as nuvens pretas lá de fora -
que esa tormenta
num tufãozinho
passa.
Que essa história foi,
eu já fui, e tu tá em Marte, Roma, um lugar qualquer assim,
a três pés ou milhas acima do nível do chão.
Elevação? ou alienamento, seu alienígena, lunático, não chegue pra cá com teu escarro e teu nada-prático bom-senso de mal humor.
...
E acabadas as minhas reclamações manhentas, volto os pés à terra. Vejo que não me vale entristecer nessa birra.
Minha criança, se é o caso chore, como eu chorei,
e vamos nos calar tranquilos do jeito que está o céu, do jeito que está provado
- como as nuvens pretas lá de fora -
que esa tormenta
num tufãozinho
passa.
Hoje, como em qualquer dia, o frio gela só os ossos, não chega à parte boa da espinha.
hoje, como em qualquer dia, o frio que paralisa a articulação não barra minha caminhada.
hoje, como em qualquer dia, o vento é ameno, e pode ou não me resfriar -
o clima é só o clima - e a temperatrura que faz no corpo escolho eu, escolhemos cada um de nós.
Como hoje, dia branco e qualquer, em que a gelidez da rua atinge os ossos, as juntas - congela até os ligamentos todos da estrutura corpórea, as pontas das orelhas,
e, ventando, (é um espirro), passa longe do espírito.
hoje, como em qualquer dia, o frio que paralisa a articulação não barra minha caminhada.
hoje, como em qualquer dia, o vento é ameno, e pode ou não me resfriar -
o clima é só o clima - e a temperatrura que faz no corpo escolho eu, escolhemos cada um de nós.
Como hoje, dia branco e qualquer, em que a gelidez da rua atinge os ossos, as juntas - congela até os ligamentos todos da estrutura corpórea, as pontas das orelhas,
e, ventando, (é um espirro), passa longe do espírito.
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